sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com

Obrigada, à la rentrée.


Ontem tive aquilo a que, se quisermos chamar os bois pelos nomes, se chama “Um dia de Merda”.
Fartei-me de rir, é verdade, à custa de lançar um repto aos amigos que acorreram a fazer-me gargalhar. Quase como um bebé a dobrar riso, juro. Cócegas no meu peito, à distância.
Ontem foi um dia só (só) como há muito não tinha. Que dor.
Na noite anterior não consegui pregar olho. Já fui informada de que o meu mal não é exclusivo, queixa-se o amor, queixam-se os clientes, queixam-se os colegas e os amigos, até o gato, vejam lá…
Pois é, e esta cachola começa a rodopiar com falta de descanso.
Depois... este sitio onde trabalho é verdadeiramente um sugador, mas, enfim, simultaneamente um injector de princípios e fins tão cheios de verdade que uma pessoa se vicia e acaba por decidir acatar com os males da sucção de vida a que nos sujeita só para poder estar aqui.
Ainda tenho a felicidade de ter quem me ature, é o que é. E ontem foi assim.
Não obstante, chorei que me desunhei. Assim que o ponteiro grande acertou no 12, corri a sujeitar-me ao controlo biométrico, desci à garagem, entrei no carro (que pus a trabalhar), cometi todas as manobras automóveis que me conduziram a casa, meti a chave na porta, rodei-a, disse “olá, bebé” ao gato (devo tê-lo beijado, não me lembro) e corri escadas acima, rodei a maçaneta da porta do quarto (que roda no sentido dos ponteiros dos relógios) e saltei para cima da cama. Adormeci a chorar e acordei a chorar.
Não é que me esteja a queixar. Não.
Foi assim.
A noite não me deu tréguas, não é ainda aqui que acabo a história do dia de ontem , um dia só (só). Tive um (o) pesadelo com a palavra mãe e mais uma vez acordei em pranto a molhar os cabelos. A minha cama outrora pequena estava agora enorme de novo. E eu só (só). Aconchego-me na almofada que não é minha e espero. Dói-me a barriga. Não tomo fármacos. Aguento. Chegam os braços todos do mundo a casa e partem-se à minha volta. Finalmente adormeço e acordo para mais um dia. Acordei com a dor do pesadelo neste peito que carrego cheio de voz (ao ser escrita a palavra, ainda me deixa de beicinho) mas acordo a cantar e a dançar - Vitor Espadinha - Recordar é Viver (já não é Agosto, eu sei, mas é sempre tempo para acordar com estes vaipes)
Lanço-me ao dia com pouca desconfiança pois já lhe conheço bastante as manhas. E dou com uma despedida? Sei que é um pedaço de gente (tão) bonito, tanto quanto anónimo, como eu:
Bem, eu não trato as minhas olheiras, tenho-lhes uma certa afeição, assim como aos cabelos brancos. Talvez por ter uma idade intermitente, não sei.
Sei que estou gira, pois sirvo muito de entretenimento a mim própria e isso deve significar que estou gira.
Estranho, estranhava (pois ando parada), também e naturalmente, essas coisas dos ditos acerca dos meus relatos. Sempre o espanto dentro do espanto!
Nunca escrevi um livro, nunca tive um filho, mas plantei árvores satisfatórias em compensação.
Viver intensamente é a única forma que conheço. Começo, desenvolvo, acabo. Tudo grande. É um vício? Não sei. (é). É o meu trejeito.

Ultimamente aprendi uma série de coisas:

- a pedir ajuda :) e dei por mim a recebê-la!
- a saber a recuperação, e coisas sobre ela em mim e eu nela
- a reconhecer velocidades (celeridades, será o termo correcto) acerca do equilíbrio (coisas da recuperação)
- a amar mais e mais e mais
- e aprendi também a continuar no espanto do amor recebido
- e que posso fazer parte também das feições do fazer bem, seja o que for “o préstimo”: eu também o sei fazer!

Terei saudades, Mónica.
Fiquei sentida quando escreveste um título triste sobre aquela que é agora a minha casa – Coimbra, mas sou agora uma menina grande, e não deixo cair dentes, faço beicinho mas recupero em celeridades razoáveis. Beijos e abraços a ti e a todos.  
O meu blog não acaba aqui, não sei. Sê feliz e faz o bem. (sim, fazer o bem, por cá tentarei o melhor, sim) Ele vem em dobro. Estou a rir. É a verdade.
Bom dia, Mónica Marques, bom dia, mundo. Estamos aqui para o que der e vier!
Estou a rir. É a verdade.


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